Blog do Velho da Alameda

Quem foi a mente brilhante que pensou? "Dia do Trabalhador vai ser feriado! Ninguém trabalha!" Realmente ninguém podia insurgir-se contra a ideia de homenagear os trabalhadores desta forma porque os portugueses são bons a explorarem tudo e mais alguma coisa desde que seja feriado ou de graça. Desde que estejam a dar algo, de certeza que estão lá pelo menos 4 portugueses e mais 58 a caminho porque nós não desperdiçamos nada.. Não é incomum vermos cegos numa fila onde estão a dar livros, surdos em filas de cd's e diabéticos em filas de chocolates. Desde que seja de graça nós estamos lá, dê por onde der.. Literalmente.. Nós enquanto crianças adoramos feriados.. Tudo para não ir à escola! Enquanto adultos adoramos feriados.. Tudo para não irmos trabalhar! Eu até acho que os feriados foram os grandes impulsionadores do 25 de Abril. Não só ganhámos uns quantos feriados a mais que eram proíbidos mas até o próprio 25 de Abril passa a ser um bónus no calendário. Somos um país católico porque os cristãos têm mais feriados que as outras religiões porque no dia que os muçulmanos tiverem mais feriados que os cristãos o que vai acontecer é que a catequese vai ser substituida por aulas de terrorismo e acusar quase todo o resto do mundo se serem infiéis. Amanhã, aqui na Alameda, vai haver um congresso da CGTP para festejar o dia do Trabalhador.. Não é bem festejar.. É mais um pretexto para se fazer negócio com a venda de alguma sardinha que sobrou do ano passado mais umas bifanas, caldo verde e muito vinho rançoso. Quando chegar à altura do homenzito discursar já ninguém quer saber porque tá tudo a arrotar e a jogar à bisca nas mesitas..Afinal de contas é feriado.. Só para terminar vi uma peça na SIC Noticias onde o presidente da Câmara de Lisboa inaugurou a feira do livro.. Ele apelidou a feira de ser uma feira tipicamente portuguesa e eu pensei: "Deve ser porque estão a dar algo.." mas não.. Só me apercebi porquê é que é uma feira tipicamente portuguesa porque a inauguração da feira do LIVRO tinha como primeira bancada uma roulotte de pita shoarma.. Isto no tempo de Salazar é que era..

Esta pergunta foi um flagelo durante anos a fio.. Toda a nossa idade infantil foi à volta desta pergunta. Toda a gente queria saber o que é que um puto na casa dos 5 anos quer ser mesmo que ele diga algo absurdo. Principalmente as madrinhas.. Essas querem saber de 5 em 5 minutos com esperança que tenhamos memória de peixe e exercem uma pressão brutal para influenciar a nossa vida de algum modo a nível futuro.. Parece até que vão ganhar comissão consoante o nosso sucesso. O que me irrita é ter aprendido o vocabulário certo para utilizar nessas situações muitos anos mais tarde porque podia evitar todos aqueles anos a ouvir a mesma pergunta se me perguntassem: “Ó meu menino o que queres ser quando fores grande?” eu diria logo: “Stripper ou enrolador de ganzas” e pronto.. nunca mais me iam perguntar com medo que eu respondesse o mesmo ou até com vergonha da minha resposta. Era tudo.. Mas porque é que ninguém me ensinou isto? Era só ensinar a usar a sanita, comer com talheres pequenos e não morder o copo quando bebia uma água manhosa que tinha parte do meu jantar lá misturado.
Todos os miúdos sonham um dia em ser arqueólogos.. Nunca conheci nenhum rapaz que depois de eu dizer que quando era miudo queria ser arqueólogo não me tenha dito logo: “Eu também! Pensei que era o único..” Ya.. Tu, eu e 500.000 putos que apanharam a época de ouro do Indiana Jones ou histórias de descobertas no deserto. Nós pensávamos que ir para a faculdade de arqueologia pressupunha farda que era um chapéu à cowboy e um chicote como o Indiana Jones e um pincel para limpar ossos como o gajo do Jurassic Park. Eu andava sempre a escavar por todo o lado mas nunca encontrei um esqueleto de dinossauro.. Uma vez encontrei um esqueleto de um caniche mas a minha familia achou a minha descoberta repulsiva e só consegui obter aprovação do meu pastor alemão. A partir daí senti que devia dar um novo rumo à minha vida por isso, fui ver desenhos animados. Anos mais tarde veio o Messenger e apercebi-me que se me tivesse tornado arqueólogo ia com certeza ter de escavar muito até encontrar as frases que a maior parte dos meus amigos têm debaixo do nome, algumas delas remontam mesmo à idade da pedra.
Esperemos que os miudos de hoje em dia não sejam tão influenciáveis como nós porque, se é verdade que o Indiana Jones nos influenciava ao ponto de querermos ser arqueólogos , hoje em dia a popularidade dos Perdidos está em alta e se perguntarmos a algum miúdo o que ele quer ser, corremos o risco de ele responder: “Náufrago”

Hoje ia no metropolitano e deparei-me com um fenómeno.. O número de leitores de mp3 existentes é maior do que o número de passageiros e não é um exagero. Cada individuo estava num momento Zen enquanto fazia playback silencioso. Quem estiver fora da carruagem parece que estão todos a falar uns com os outros, mas quem está nessa mesma carruagem só ouve o aviso da próxima paragem e de vez em quando as correspondências que essa mesma paragem tem.. De resto é só ver pessoas a mexer os lábios como se fossem ventrilocos mas lhe faltasse quem lhes enfiasse a mão no rabo e falasse por eles. Uns utilizam os telemóveis, outros leitores mais económicos, outros Ipod’s e por aí em diante.. Existe um ilimitado número de aparelhos que reproduzem mp3 onde é só ligar uns phones, por vezes nem isso, visto que há sempre um pseudo-gangster que faz questão de não ligar os phones e de ir a ouvir em alta voz os Irmãos Verdades ou Sam the Kid. Já lá vai o tempo em que as pessoas socializavam no metro. Pediam ajuda para encontrar a linha que lhes levasse onde queriam, perguntavam se estava tudo bem ou simplesmente se fazia conversa casual sobre o tempo, o governo ou futebol. Hoje não.. Hoje é tudo calado, a ouvir música e quem não tiver um mp3 é marginalizado e consegue ouvir uma mistura underground (literalmente..) de todas as músicas envolventes porque hoje já ninguém ouve música abaixo do volume 23, questiono-me se não será mesmo uma regra ou até os leitores de mp3 não trazem botão para baixar volume.. Só um +. Depois há um clima tenso entre quem ouve músicas rivais e há sempre um rapaz que está a ouvir algo que até a ele envergonha mas gosta tanto que não consegue mudar e então tá sempre a olhar em redor com medo que alguém se aperceba que ele está a ouvir Tony Carreira, Emanuel, Ana Malhoa ou, pior ainda, alguma música tipo Macarena e aí é quando ele se contorse todo para não fazer a coreografia ali mesmo. Mas os melhores de todos são os gays excêntricos que vão sempre a ouvir algo tipo Mamma Mia, I Will Survive ou Y.M.C.A. e têm de levar os mp3 na mão, pois têm as calças tão justas que, além de terem os tomates quase a entrarem pelo corpo a dentro de tanta pressão, ainda têm a desvantagem de se precisarem das mãos para fazer algo e tiverem mesmo de pôr o mp3 no bolso depois ao tirar parece que estão a ordenhar uma vaca.
Agora desculpem mas tenho de ir por o meu a carregar..

Parece mentira mas é verdade.. Todos os homens são gays.. Não me punha aqui a difamar a masculinidade do cromossoma XY se não tivesse provas concretas para poder afirmar que, não passamos de meros frutinhas que usam as mulheres para disfarçar. Vamos lá então provar esta teoria.. Para já o nosso desporto favorito é futebol.. 22 homens a correr atrás de uma bola todos suados e mais 4 árbitros, e se vimos uma fiscal de linha mulher perguntamos nos logo o que ela tá ali a fazer.. Afinal só queremos ver homens.. Um homem compra uma camisola (se fôr rosa nem preciso de provar nada independentemente do facto de ele dizer que é a cor da moda ou que era branca e foi lavar com as cuecas vermelhas da mãe) e essa camisola é admirada por 34 mulheres mas basta outro homem dizer: “eh pá que camisola horrivel!” e nunca mais usamos aquela camisola por muito que gostemos dela. Quer dizer, usamos mas quando ninguém vê ou seja, quando vamos dormir, quando saímos do banho ou quando estamos cheios de frio pomos essa camisola por baixo só para fazer volume. Ligamos mais ao que um homem diz mesmo que ele seja um desconhecido do que as 34 mulheres que nos deram a opinião. Quer dizer.. Foram só 26 mulheres mas algumas gostam de dar mais do que uma opinião mesmo que seja igual à opinião original. Fazemos mais para agradar os homens do que as mulheres que se derretem por nós. Podemos ir sair à noite e saímos sempre em alta se recebermos olhares de aprovação por parte dos nossos amigos e de nojo por parte das nossas amigas. O mesmo se refere aos sentimentos. Se um homem numa hora de desabafo diz a um amigo que expressou os seus sentimentos à namorada só pode acontecer uma de duas coisas: ou ele aprova e o homem continua a exprimir-se à sua namorada mas agora só porque outro homem aprovou, ou ele condena e o homem transforma-se completamente e passa a ser frio e desinteressado de um segundo para o outro. O que conta é a opinião deste amigo que até pode querer o nosso mal e querer a nossa namorada para ele mas é homem e é ele que tenho de agradar.. Isto para quê? Agradamos a homens para parecermos machos.. Irónico..

Algo que condeno veementemente é a falta de sinceridade das pessoas. Por exemplo, quando viajamos de avião há sempre aquelas demonstrações de segurança do género: “Em caso de despressiorização da cabine caem máscaras que devem ser postas de imediato” se isto fosse feito por alguém sincero seria: “Quando isto estiver a cair, não há mais nada para fazer por isso, ponham as máscaras de oxigénio para não desmaiarem e assim têm mais tempo para assimilar que vão morrer..” Pronto.. Estava tudo bem assim.. Se fossem sinceros em vez de dizerem: “ Em caso de aterragem forçada no mar puxem o cordel para insuflar o colete, caso o cordel não funcione sopre pelo tubo.” Podiam era dizer logo: “Caso isto caia no mar e por algum milagre sobreviver alguém não percam tempo a puxar o cordel porque de certeza que não vai funcionar visto estes coletes estarem aqui desde 1987 e comecem logo a soprar pelo tubo e tentem ignorar o sabor a urina de rato.” A meio do vôo o piloto faz questão de nos informar do plano da viagem, e com aquela voz típica de quem está a anunciar a próxima stripper em palco diz: “Srs. Passageiros daqui fala o comandante (piloto é feio.. comandante é mais fino..) estamos a 900 pés de altitude (quem inventou o pé como tipo de medida devia ser apedrejado e lançado numa banheira de alcóol etílico) e a uma velocidade de aproximadamente 750 km/h (aproximadamente porque está a enfrascar uísque desde a descolagem e já não consegue ver bem o velocímetro). A nossa viagem tem como destino Barcelona (isto de dizer o destino é só para o caso de alguém se ter enganado no avião depois de ter feito check in onde estava escrito Barcelona, ter posto nas malas etiquetas a dizer Barcelona, ter Barcelona escrito no cartão de embarque , ter ficado na porta designada para o vôo para Barcelona, ter apanhado o autocarro com os passageiros que vão para Barcelona e as hospedeiras terem dito bom dia e boa viagem em catalão) vamos sobrevoar Portalegre, Madrid e Girona antes de chegarmos ao nosso destino (podemos sobrevoar isso tudo ou outras cidades, é indiferente porque só se vê nuvens..) contamos aterrar dentro de duas horas (contamos, mas se o uísque fizer efeito mais cedo aterramos já em cima da linha do TGV) desejo-lhe um bom vôo e esperamos que escolha novamente a nossa companhia para futuras viagens (nós é que te desejamos um bom vôo porque senão tamos todos fodidos)
Já viram isto?
Sinceramente...